- Chico, qual o assunto que devo abordar hoje à noite? Não há qualquer fenômeno impactante, nada de transtornos provocados por tempestades, etc.…
- O Fenômeno de hoje é a sua barriga! O público não pára de mandar mensagens, curioso pra saber sobre sua gravidez!
- Você fala sério? E o que devo esclarecer? O que o Bonner e a Fátima vão perguntar?
- Eles preferem não adiantar as perguntas para que você não perca a espontaneidade.
Gravei o boletim diário e fiquei à espera da conversa com os apresentadores. Entraria no segundo bloco. A Fátima iniciou o diálogo:
- Vamos ao vivo a São Paulo, conversar com a Rosana Jatobá. Boa noite, Rosana. Nós acompanhamos todos os dias a previsão do tempo, as mudanças climáticas, vimos agora a chegada da primavera, do horário de verão, e a pergunta que nós e os telespectadores fazemos é a seguinte: quando vão chegar os gêmeos?
A risada foi inevitável. Clima de total descontração.
Informei a data mais ou menos prevista para o parto, o sexo dos bebês, o significado do nome deles e comentei a enorme felicidade daquele momento. Em reposta à pergunta do Bonner, brinquei com os cuidados para não encobrir o mapa com o barrigão.
Encarei o episódio como uma homenagem a milhões de gestantes brasileiras que, como eu, são depositárias do milagre da vida. Mulheres cuja vivência se transforma radicalmente para abrigar e cuidar dos protagonistas do futuro. É maravilhoso perceber que a maternidade enternece e comove a todos, o que só reforça este estado de graça, de plenitude e serenidade que a nobre tarefa nos confere.
Melhorar a saúde das gestantes faz parte das oito metas do milênio das Nações Unidas para a Sustentabilidade, estabelecidas em 2000. A intenção é diminuir em 75% as mortes maternas até 2015. No Brasil, sobretudo nos grotões do interior do país, este é um grande desafio.
De acordo com o Unicef, 1,7 milhões de gestantes não fazem o mínimo de consultas pré-natais – metade de todas as grávidas.
O estudo “ Violência Doméstica na Gravidez” , que acompanhou 1.379 gestantes atendidas em unidades de saúde pública de Campinas, entre 2004 e 2006, revela que 19,1% sofreram violência psicológica (foram intimidadas, ofendidas ou humilhadas) e 6,5% sofreram violência sexual.
Cerca de 20% das gestantes brasileiras apresentam quadros de depressão ou ansiedade, indica estudo feito pela Universidade de São Paulo e publicado no periódico “Archives of Women’s Mental Health”. Estes tipos de transtornos piscológicos na gravidez estão associados a uma incidência maior de depressão no pós-parto, e o nascimento de bebês prematuros ou com baixo peso.
Apenas parte do funcionalismo público e das grandes empresas privadas brasileiras aderiram à licença maternidade de 6 meses.
O casal mais querido do telejornalismo brasileiro experimentou a emoção de trazer ao mundo três filhos de uma só vez! Estão mais do que legitimados para empunhar esta bandeira de valorização das nossas gestantes e do fortalecimento do vínculo afetivo com o bebê.
Entrar ao vivo no JN, o jornal de maior alcance do país, presente em 97% dos lares, interrompendo a sequência de notícias duras pra falar da benção de ser mãe de gêmeos, é mais do que um gesto de respeito às futuras mamães. Representa uma oportunidade de prestar atenção ao milagre da vida, a melhor notícia do mundo!
FONTE: G1