Mas tem mais. “Miss Penitenciária” possui algum parentesco, mesmo que distante, com o “Big Brother”. É que o confinamento e a convivência compulsória num grupo de desconhecidos exigem que se criem regras para algum jogo.
O jogo das presas, claro, é diferente. Mesmo assim, há as rivalidades, os ciúmes, os desabafos, a amizade, muita saudade de casa etc. É justamente nessas semelhanças que a gente percebe uma intenção humanista em “Miss Penitenciária”. Mas o resultado é bem jornalístico, não tem pieguice.
Uma dos maiores acertos do documentário é valorizar a presença de Ana Paula. Ex-presa (por tráfico de drogas e assalto), ela foi a vencedora do concurso do ano anterior. Solta em 2006, volta ao Talavera Bruce para participar do júri agora. Dizem na cadeia que Ana Paula virou uma modelo de sucesso. Não é verdade. O documentário mostra que ela acaba de perder um emprego de babá e leva uma vida dura. Sua participação no filme ajuda na construção dos contrastes que Notman-Watts conseguiu captar tão bem. São os contrastes e as semelhanças que fazem de “Miss Penitenciária” um programão.
Fonte: O globo