segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pessoas com desenhos pelo corpo ainda são alvo de preconceito, diz Miss Tattoo

Ela fez primeira tatuagem aos 14, mas se arrepende do 'ideograma'. Mineira não revela significado das tattoos; 'prefiro não comentar'.
Com tatuagens enigmáticas espalhadas por todo o corpo, a auxiliar de escritório Polliany Cristina, de 23 anos, saiu vencedora neste final de semana de um concurso nada convencional. Ela foi eleita a Miss Tattoo 2009. Os desenhos chamaram a atenção dos jurados. Há dinamites, um cifrão (representando dinheiro), andorinhas voando, dois revólveres com um coração sangrando e até um cadeado com duas chaves. O que quer dizer tudo isso? “Prefiro não comentar”, ri. “É muito pessoal.” Ela jamais havia participado de qualquer concurso. Tímida, diz que “tremia de nervoso” na hora do desfile e que até agora não sabe por que venceu. “Não acho que era a mais bonita das 20, não”, afirma. Mas questionada se as tatuagens eram as mais belas, não se faz de rogada: “Aí, sim”, brinca. Ela saiu de Juiz de Fora (MG) para participar do evento internacional de tatuagem realizado neste fim de semana em São Paulo. Foi convencida do desafio e encarou a viagem com uma amiga, também tatuada. “Foi tudo de última hora. A maioria das candidatas era de São Paulo mesmo. Nunca imaginei que pudesse ganhar.”

Como prêmio, Polliany recebeu mais de R$ 1.000, não em dinheiro, mas como crédito para gastar em mais tatuagens, piercings e fazer um book fotográfico. Ganhou também óculos, relógio e camiseta de uma marca famosa.

Com todo o braço direito coberto, metade das costas desenhada, as axilas e a barriga também tomadas pelos rabiscos, ela conta que fez a primeira tatuagem aos 14. E que se arrepende dela. “Fiz um ideograma japonês, que diz criatividade. Mas já não gosto. Vou fazer algo em cima”, diz.

Questionada se um dia pretende seguir o passo de celebridades e tatuar o nome de um namorado, é direta: “Não pretendo fazer essa loucura, não. Um relacionamento nunca é eterno”.

Polliany afirma ainda que sempre teve o aval da mãe, desde a adolescência. “Ela sempre apoiou. Quando soube que ganhei o concurso, ficou toda orgulhosa.”
Essa é também a sorte da jovem. Ela trabalha com a mãe, em um escritório de contabilidade, e, por isso, não precisa se preocupar com “olhares tortos” de um chefe. “Hoje em dia ainda existe muito preconceito. Mas na minha cabeça a pessoa não muda porque faz uma tatuagem”, sentencia.


FONTE: Thiago Reis Do G1, em São Paulo, FOTO ( ADRIANOLIMA/FUTURA PRESS